terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Mudar

As mãos movimentam-se de um lado para o outro ao acompanharem o som do vento que conseguem ouvir do lado Oeste. O Sol está a ficar num tom avermelhado, num tom que nunca tinha visto. O céu está com uma mistura de cores solenes e quentes, as cores predominantes eram o castanho das folhas na estação de Outono com uma mistura de vermelho, exactamente a mesma cor da camisola de lã gasta e desfiada que vi a ser distribuída a uma pequena criança que vive sozinha na rua e que está exposta a todo o Mundo como se fosse uma montra de uma pastelaria com bolos e doces deliciosos com um aspecto saboroso e também o laranja do pequeno fio que te dei há cinco anos e três meses.
Estou a observar as pequenas e grandes andorinhas que começam á procura de um local suficientemente quente e aconchegante, experimentam vários caminhos com várias direcções com o extinto de ser aquele o caminho certo mas acabam sempre por voltar atrás e mudarem de direcção.
Estou sentada num pequeno tronco que foi deixado para trás depois de aqueles que cortam os troncos das árvores tão bonitas e coloridas terem partido rumo ao horizonte que se conseguia ver ao longe. Ao meu redor está um cruzamento com a opção de quatro caminhos. Todos têm uma pequena tábua de ferro com indicações que se vê que foram feitas através de algo rígido e pontiagudo, talvez um pequeno ferro vindo do outro lado do mundo que se transportou através do rio que passava ali a meu lado. Tão bonito que era ver aquelas pequenas ondas a formarem-se com as várias correntes que se entrelaçavam uma na outra. Os peixes andavam à procura das sementes depositadas no fundo do Rio, necessitavam de algo para comer, de algo por lutar, de algo por viver.
Meu querido amor, se eu soubesse que tudo era tão difícil já tinha seguido há muito tempo por aquela luz que me anda a assombrar à já faz tempo.
As flores que habitavam no centro da cidade começavam já com o desejo de fecharem como se adivinhassem que estava para breve o fim de tudo.
Nem tudo é o que parece, tudo está disfarçado por uma capa transparente, ninguém é como pensamos, nada é como pensamos ser, tudo é diferente como nunca pensamos ser.
Só agora dei por mim que estou perdida novamente nos meus pensamentos. Já não é a primeira vez, nem a segunda, nem a terceira e sim a quarta. Já está tudo muito digerido, já está tudo muito bem triturado.
O meu desejo neste momento é ser como as andorinhas que agora já estão mais orientadas e que agora tem o objectivo de pousarem e tentarem viver a vida com um ponto positivo. Quero ter a coragem de todas elas, quero ser feliz como todas elas, quero ter um objectivo como todas elas, quero estar num local sem ter o vício de olhar para todos os lados como se estivesse a pedir ajuda, quero ser feliz como todas elas, quero voar como todas elas, quero encontrar um caminho como todas elas, quero que as minhas incertezas desapareçam como nenhum delas tem, quero que tudo volte ao normal, quero ser uma andorinha.

3 comentários:

Anónimo disse...

"(...)quero ser uma andorinha." Star Quality :D


Teresa

Cátia Vilhena disse...

Ahahah. *.*

Anónimo disse...

Está lindo isto *.*